Não é a primeira e nem será a última vez que isso acontece. Nas grandes avenidas e nas ruelas, nos supermercados e lanchonetes, as vezes eu desejo botar fogo nessa cidade e ver o show de fogos de artíficio que desencadeará da varanda da minha casa. Porque em cada esquina que eu viro tem um fantasma diferente pra me assombrar, em cada sacada tem uma nova assombração pedindo pra nascer, em cada bar, em cada lata de cerveja.
Hoje eu fiz o caminho da sua casa, tão gravado no meu subconsciente que eu me esqueci pra onde estava indo até chegar na porta. Eu quase pedi pra entrar, acredita ? É como se desde o momento que nossos lábios tivessem se tocado você tivesse cavado um buraco no meu cérebro e se alojado lá, profundo demais pra qualquer lobotomia remover e quando nós nos falamos pela última vez num hall social, as lágrimas nos seus olhos secas demais, me senti como um cavalo doente, implorando pra que alguém me tirasse de minha miséria.
Porque passam dias e noites e crepúsculos infinitos e a as cinzas da reação nuclear de nós dois se mantém queimadas na minha parede, sua sombra eternamente presa no meu espelho, suas fotos apagadas do meu celular para sempre na minha mente. Nos meus sonhos mais fébris eu ainda traço os formatos do seu corpo e desejo minha camiseta de volta.