Eu vejo meu corpo morto na televisão; eu te pergunto se posso ser como um veneno que se injeta nas veias; eu te peço pra ser como um cadeado que eu visto no pescoço, pesando sobre minha garganta e me sufocando; você me fala que o meu mundo é em tons de violeta.
É uma sexta à noite, eu deito na sua cama de novo, assistimos um filme e conversamos até o sol raiar, eu ponho minha cabeça no travesseiro e você põe seu braço por cima de mim, o suor das minhas costas unta nós dois na cama. Eu gosto de você, gosto da ideia de estar com você, de conversar com você, mas sei que isso não basta.
Quando eu tinha 18 anos meus pais me deram um carro, 0km, modelo top de linha do ano. Eu não senti a felicidade que eles esperavam, ao invés disso esse ato de amor foi interpretado por mim como chumbinho, rasgando minhas entranhas. Porque eles não queriam presentear a mim, mas sim a ideia de mim que eles tinham a meu respeito.
De certa forma é a mesma coisa, você me quer enquanto eu bater com suas expectativas a meu respeito, não é amor. É como ver o seu cadáver estando viva, ver algo que nitidamente não é você ali.
Eu sou querida, mas não amada.