DOCTYPE html> Minha Epistola Virtual

Uma Carta De Amor Terrívelmente Pública

Escrever uma carta sempre é uma tarefa árdua, a escolha das palavras e o que é dito falam tanto quanto o que deixa de ser escrito e o que é rasurado. Até porque as vezes o que é deixado de fora dói tanto quanto o que é incluído.
Pensei em te falar sobre como foi a festa, sobre como pouco menos de 1 hora escutando pop alternativo já pediram o telefone pra trocar a música, sobre como tive que deixar meu amigo P no Uber porque ele chamou o carro para o lugar errado e não estava conseguindo andar em linha reta, sobre como igual à Gatsby fiquei imaginando (torcendo) se você ouvia em sua janela o barulho da festa, sobre como até as 21:00 ficava interrompendo minhas conversas pra ver se tinhas entrado pela portaria.
Adorei que tenhas me enviado cartas e bolo. Adorei que tenhas me ligado no dia seguinte ao aniversário. É estranho que nos momentos que menos sinto vontade de te ver é quando a saudade acende seu farol no meu mar noturno. Ser humano é ser contraditório, é querer que as coisas mudem mas ainda se mantenham as mesmas. Eu torço para que nuna mais nos vejamos enquanto espero sua chegada na festa, torço para nunca mais trocarmos palavra alguma enquanto te escrevo cartas.
Podia ser tão fácil mas aí qual seria a graça ?
Esses dias fui no sebo da faculdade e comprei um livro no qual Albert Camus conta sobre sua viagem aos Estados Unidos e escreve "Mas se ele deixar de amar, por outro lado, de que serve lutar ?".
Esses dias escutei minha música favorita do Fall Out Boy e ouvi cantarem "And I want to be known for my hits not just my misses / I took a shot and didn't even come close / At trust and love and hope"
Esses dias fui no cinema ver um filme e botei dinheiro naquelas máquinas de pegar bixinho de pelúcia mas acabei deixando o coitado lá quando lembrei de não ter ninguém para entregar.
Esses dias tem sido cores quentes que se tornam tons pastéis desatando em noites cinzas e ventos frios.
E eu tenho feito tudo que me resta : escrito, ido ao cinema, lido; porque quando o coração emite frequências imperceptíveis ao Rádio nos resta apenas cantarolá-las e torcer que alguém escute.